
Ontem estive pensando… Pensei que estou sempre a lutar contra qualquer coisa. Ultimamente tenho lutado contra a falta de recursos (financeiros e humanos), contra a falta de tempo, contra a falta de bom senso, de inteligência, de paciência, de sorte…
Depois lembrei-me da Teoria Taoista segundo a qual, não é muito produtivo fazermos oposição às coisas, devemos fluir, deixar-nos levar na corrente em vez de criar atrito.
Em seguida, debrucei-me sobre as razões que levaram a que eu chegasse ao presente estado de estafa e sobrecarga, de forma que não consigo sequer decidir o que fazer a seguir.
Finalmente conclui que, tudo passa pelo desrespeito por nós próprios, pelo desrespeito pelo valor do nosso tempo, da nossa criatividade e potencial, pelo desrespeito pela nossa integridade e bem-estar. Ao deixar-nos invadir pelos outros, ao permitirmos que disponham de nós a qualquer momento, para qualquer coisa, estamos a dar-nos como garantidos, como uma espécie de kleenex da constipação alheia. Estamos também a criar nas outras pessoas a sensação de que lhes pertencemos e de que é nosso dever resolvermos os seus problemas.
Assim, na tentativa de criarmos um “mundo melhor”, andamos por aí num virote a apagar os fogos alheios enquanto os nossos próprios ardem mata fora.
E como aqueles que partilham este traço sabem tão bem, uma vez apagado um fogo – Adeuzinho e até ao próximo incêndio!
E ai, ai, se o fogo não for apagado de imediato espera-nos a culpabilização, as lágrimas e outros afins.
Por fim, na qualidade de serviço público, espera-se que funcionemos em horário alargado e que, no mínimo dos mínimos, mantenhamos uma linha de Apoio ao Utente em vigor 24 horas por dia/ 365 dias por ano. Se adoecemos, ao contrário do restante mortal que, simplesmente, “fecha para obras”, há que arrastar a virose connosco e ainda ouvir um ou outro comentário mais jeitoso, estilo “Aí credo mulher! Tás com má cara! Vai pôr rouge para ver se isso disfarça!”
Ora pois bem, como (e quem partilha sabe) “salvar mundos” não dá de comer a ninguém, nem teremos nenhuma plaquinha à nossa espera no céu, eu cansei!
Antes do TU e do NÓS surgiu um EU! Se estiver a arder, faça favor de ir buscar um balde, que eu tenho mais onde gastar a minha àgua!
Diria a Tia Arara que pus a cabra no pasto… Mas a gaija estava mesmo a precisar de arejar!