quarta-feira, 18 de julho de 2007

O Ataque do Estendal Assassino

Amanhecera em Lisboa. A rapariga moderna de segunda geração, competente e eficaz, prepara-se para mais um dia na sua agitada vida multitarefas.

Após o duche matinal, decide estender a roupa que ficou a lavar na noite anterior, enquanto toma o pequeno-almoço e revê mentalmente as tarefas do dia que se avizinha - Uma colher de cereais, uma toalha de banho, não esquecer do relatório para entregar depois do almoço - o verdadeiro exemplo de Power Woman do século XXI, vislumbra até um futuro próximo, com um rebentinho colado à sua perna e pensa, “ahh, não será difícil!”.

No entanto, estava a milhas de saber o que as forças pérfidas do Universo tinham planeado para si… No exacto momento em que se preparava para pendurar o último par de peúgas no estendal extensível, ouve-se o som da catástrofe iminente “Crack!”.

“Crack?” pensa a rapariga, e numa fracção de segundos, num verdadeiro momento Matrix, vê o estendal a desabar e voa para apanhar a ponta das cordas antes da roupa embater no chão.

Os minutos que se seguiram, podiam vir retratados na Ilíada. A rapariga puxava pelas cordas, como escravo na galé, tentando desesperadamente levar o suporte de volta aos ganchos na parede. O peso da roupa, tornava a tarefa impossível, mas ela não podia acreditar, até porque uma Power Woman não conhece a palavra desistir. Quando finalmente se apercebeu que não chegaria ao suporte, ali ficou atónita, de braços no ar a olhar para a roupa que, por esta altura, já começava a abandonar o barco e a instalar-se confortavelmente em cima do caixote do lixo, dentro do cesto da roupa suja, do balde de lavar o chão…

Após os costumeiros vocábulos de cariz popular que acompanham situações como esta, resolve retirar a roupa que ainda se mantinha presa para um balde e começar tudo de novo.
Assim que o peso da última toalha de banho foi libertado, as cordas saíram disparadas pelo ar, como se tivessem sido possuídas por um cruzamento de balão roto com um F-18, ameaçando esvaziar um olho à nossa heroína. Quando a barulhada terminou e a rapariga pode voltar à marquise, o estendal tinha-se transformado num jogo do Pé de Galo, pendendo da parede.

Recordando as tardes da sua infância, no colo da sua Vózinha, a rapariga ganhou novo alento e, deitou mãos às cordas, mas quanto mais girava e desenrolava, mais nós surgiam nas cordas… Chegara finalmente o momento de ruptura. Voaram as cordas contra a parede, voou a roupa de novo para dentro da máquina, voou a rapariga para o trabalho, com 30 minutos de atraso. E nesse momento, soube que só uma força do Universo a poderia salvar. Pegou no telefone e orou: “Mãezinha!!!!”

3 comentários:

C_mim disse...

Lindo! Lindo! Lindo! Tens jeito para escrever moça.

Morgenita disse...

C_mim,

Brigada!Não tenho é jeito prás lides domésticas...LOL

Ka disse...

llllooooooollll

O que eu me ri agora!!!

Desculpa mas ese tipo de coisa que descreveste é o que por vezes me acontece...lol Parece que tenho um íman para essas ocorrências extraordinárias...hehe

beijinho